
Seja você religioso ou não, o fato é que a Rainha de Sabá ocupa um lugar de destaque no imaginário coletivo. Está figura, cuja a identidade é misteriosa, está presente nas três principais religiões monoteístas do mundo e é motivo de debate e estudos até os dias de hoje.
De acordo com a versão mais recorrente da historia, a Rainha de Sabá teria se deslocado de sua terra natal até Jerusalém liderando uma grandiosa e faustosa comitiva organizada especialmente para conhecer o Rei Salomão, filho e descendente de Davi de Israel.
De acordo com um trecho do Livros de Crônicas do Antigo Testamento da Bíblia cristã: “Nunca mais houve tamanha abundância de especiarias”.
Apesar da Bíblia Cristã não deixar explícito nenhuma espécie de relacionamento amoroso/sexual entre Sabá e Salomão se formou uma espécie de consenso em torno dos dois que uma relação sexual teria tido lugar após um encontro inicial.
O fruto dessa noite seria o nascimento de um filho que foi reivindicado como ancestral pela Casa Imperial da Etiópia. Haile Selassie, o último imperador da Etiópia que reinou até 1975, afirmava ser descendente de Sabá e Salomão.
A Casa Imperial da Etiópia remonta a 1270 e foi fundada pelo Imperador Yekuno Amlak, que foi o primeiro a alegar ser um descendente direto do monarca israelita com a soberana mística.
Mas qual seria a origem de Sabá?
Alguns estudiosos afirmam que se a Rainha de Sabá realmente tivesse existido seu reino se localizaria na Arabia Felix, que era o nome latino usado pelos geógrafos da Antiguidade Clássica para descrever o sul da atual Península Arábica, no que hoje compreende em grande parte o terriório do Iêmen.
Já outros argumentam que em meados do primeiro milênio a.C., havia nas regiões da Etiópia e Eritréia um povo semita chamado sabeus, que teria dado origem a denominação da Rainha de Sabá. Eles habitaram na área que mais tarde se tornou ao Império de Axum, uma das entidades políticas mais poderosas da África.
Deste modo, se a última teoria estiver correta o reino da Rainha de Sabá se localizaria na África e não na Península Arábica.
Embora ainda não haja inscrições encontradas na Península Arábica que atestem a existência de uma soberana mulher que tenha se encontrado com um rei israelita as tribos dos sabeus que habitaram a península conheciam um título denominado ‘mqtwyt’, que significa algo como “alto funcionário” e que pode ser traduzido como Makada ou Makueda.
O nome Makada pode ser interpretado como uma tradução popular do título de ‘mqtwyt’, e para incrementar ainda mais o mistério Makada seria o nome pessoal da rainha da lenda etíope, que foi citada anteriormente.
Tal nome é mencionado no épico ‘Kebra Nagast’ (em tradução literal ‘Glória dos Reis’) que conta a história lendária da origem da Dinastia Salomónica e traça a genealogia de seus governantes.
‘Kebra Nagast’ também descreve a forma como a Arca da Aliança teria chegado à Etiópia. Após passar uma noite com Salomão, a Rainha de Sabá, chamada de Makada, retorna a Etiópia onde dá à luz a um menino chamado Menelik, que ao cumprir 22 anos de idade viaja para Jerusalém.
Com o intuito de ser reconhecido pelo pai Menelik traz consigo um anel que foi dado à sua mãe pelo próprio Salomão pouco antes de seu partida de Israel. Após a joia ter sido apresentada Salomão confirma a identidade do jovem e o recebe com alegria.
Quando Menelik volta para casa o faz acompanhado dos filhos primogênitos dos anciãos do reino de Israel, que por estarem contrariados contrabandeiam a Arca da Aliança.
Deste modo, os etíopes alegam que são os guardiões da Arca da Aliança até os dias de hoje e que o objeto sagrado está depositado na Igreja de Nossa Senhora de Sião.
Seja isso verdade ou não para o historiador britânico Edward Ullendorff, uma figura proeminente nos estudos etíopes e conhecedor das línguas semíticas, a ‘Kebra Nagast’ “não é apenas uma obra literária, mas é o repositório dos sentimentos nacionais e religiosos etíopes”.
Embora a localização exata do reino de Sabá ainda permaneça um mistério atualmente existem pelo menos dois sítios arqueológicos que afirmam terem sido o lar da rainha.
O primeiro deles é o Dungur Palace, que se localiza na parte oeste de Axum, na
Etiópia, a antiga capital do Império de Assum. As ruínas estão na parte oeste e foram escavadas por pesquisadores na segunda metade do século XX, mas existem poucos indícios o relacionem à Rainha de Sabá.
O segundo local que afirma ter sido se localiza em Dhofar, em Omã. As evidências
arqueológicas mostram que Khor Rori, também chamado de Sumhuram, foi fundado no século III a.C. pelo Reino de Ḥaḍramawt, cuja capital era uma cidade chamada Shabwa.
O território do antigo reino Ḥaḍramawt se situava nos atuais Iêmen oriental, Omã ocidental e no sul da Arábia Saudita.
No entanto, as evidências arqueológicas mostram que Khor Rori foi fundada no século III a.C.
enquanto acredita-se que a rainha de Sabá tenha vivido no século X a.C.
Aparentemente este mistério está longe de ser resolvido. Mesmo assim a Rainha de Sabá segue sendo símbolo de beleza, majestade e opulência.
Fontes:
FONTAINE, Carole R.. Queen of Sheba: Bible. Disponível em: < https://jwa.org/encyclopedia/article/queen-of-sheba-bible >. Acesso em: 27. nov. 2022.
LEENDERS, Mieke. Who Was the Queen of Sheba? Disponível em: < https://www.thecollector.com/who-was-the-queen-of-sheeba/ >. Acesso em: 27 nov. 2022.
Queen of Sheba. Disponível em: < https://www.britannica.com/biography/Queen-of-Sheba >. Acesso em: 27 nov. 2022.
SANCHEZ, Francisco del Rio. Where did the Queen of Sheba rule—Arabia or Africa?. Disponível em: < https://www.nationalgeographic.co.uk/history-and-civilisation/2021/06/where-did-the-queen-of-sheba-rule-arabia-or-africa >. Acesso em: 27 nov. 2022.
Texto escrito por Fernanda da Silva Flores
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