Miguel I e o nascimento da Dinastia Romanov

Reunião do Zemsky Sobor, Sergey Ivanov, 1908.

Em 1917 a Dinastia Romanov foi derrubada do poder. Pelo fato de ter governado a Rússia por mais de 300 anos sua história se fundiu com a do próprio país, tornando quase indissociável o nome Romanov das palavras opulência, poder, opressão e desigualdade. Que, por sua vez, foram as principais características do Império Russo.

Um jovem de apenas 16 anos chamado Miguel Romanov seria o seu fundador.

A Família Romanov ganhou destaque no cenário político russo em 1547, quando Ivan, o Terrível contraiu matrimônio na Catedral da Anunciação com Anastácia Romanovna, um membro do clã.

Está jovem mulher, que foi descrita como tendo um efeito calmante sobre o marido, não tinha aspirações políticas e apesar de ter dado à luz a pelo menos seis filhos nenhum deles chegaria a gerar descendentes que herdassem o trono russo.

Isso levaria ao fim da Dinastia Ruríquida, que foi tão longeva quanto sua antecessora, governando de 862 e 1598.

Catedral da Anunciação em Moscou, fotografia de 2006.

O filho caçula de Anastácia, Feodor I, se tornaria czar logo após a morte do pai em 1598, mas seu reinado seria curto e sua própria morte abriria caminho para um período tumultuado na história russa que ficou conhecido Tempo das Perturbações.

Durante essa época a Rússia foi tomada pela anarquia com várias figuras reclamando o trono. Em apenas 15 anos, a coroa mudou de mãos seis vezes e se estima que o declínio populacional em certas áreas tenha sido de cerca de 50%, devido aos conflitos, caos e fome.

Para piorar a situação os poloneses e suecos se aproveitaram da desordem inteira e invadiram a Rússia, tornando saques e roubos parte da rotina do país.

Os transtornos só chegariam ao fim em 3 de março de 1613 com a eleição de Michael Romanov como czar pelo Zemsky Sobor, parlamento composto pelos principais nobre da corte russa que foi ativo entre os séculos 16 e 17.

Miguel Romanov era um sobrinho-neto de Anastácia e tinha apenas 16 anos no momento de sua ascensão.

Ele não estava presente na assembleia quando foi escolhido como novo czar, mas uma delegação o encontrou hospedado no Mosteiro Hypatian, onde ele ficou aparentemente horrorizado com a notícia e se declarou indigno de assumir uma responsabilidade tão pesada.

Mosteiro Hypatian, onde Miguel Romanov estava hospedado quando foi informado que havia se tornado czar. Foto de 2020.

No entanto, em dentro de pouco tempo Miguel teria se convencido de que era seu dever assumir o comando da Rússia e salvar seu país do colapso total e foi para Moscou para ser coroado na Catedral da Assunção no Kremlin, local onde sua tia-avó havia se casado com Ivan, o Terrível 66 anos antes.

Miguel I se esforçou para trazer paz e prosperidade de volta a Rússia.

Tratados de paz foram assinados com os poloneses e suecos e concessões territoriais substanciais foram feitas, fazendo com que a ordem fosse restaurada e os exércitos estrangeiros se retirassem. O comércio foi estimulado e as indústrias foram desenvolvidas.

Era o início de um reinado de 32 anos.

Miguel I, por Johann Heinrich Wedekind, 1728.Pedro I, por Paul Delaroche, c. 1838. Catarina II, por artista anonimo, c. 1782. Alexandre II, por Nikolay Lavrov, 1868.

Os descendentes de Miguel I governariam a Rússia pelos 300 anos subsequentes e a dinastia fundada por ele produziria alguns dos maiores governantes que a Europa já conheceu, tais como Pedro I, Catarina II e Alexandre II.

O último membro dessa longa linhagem de imperadores seria Nicolau II, que foi morto pelos bolcheviques em 17 de julho de 1918 durante a Revolução Russa, um evento que mudou o mundo para sempre.

Fontes:

MASSIE, Robert. K. Os Romanov: o fim da dinastia. Tradução de Angela Lobo de Andrade. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Rocco, 2017.

The first Russian tsar of Romanov dynasty Mikhail Fyodorovich Born. Disponível em: < https://www.prlib.ru/en/history/619404 >. Acesso em: 29 nov. 2022.


Texto escrito por Fernanda da Silva Flores

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sOBRE MIM

Fernanda da Silva Flores é graduada em História pela UNOPAR (2018) e possuí pós-graduação em Gestão e Organização da Escola com Ênfase em Supervisão Escolar (2019) também pela UNOPAR. Fundou o site Rainhas na História em setembro de 2016. Reside em Itajaí, Santa Catarina, Brasil.

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