
Um novo estudo científico realizado por pesquisadores alemães identificou a chamada “impressão digital metalúrgica” de vários artefatos de metal usados pela Legio XIX durante a Batalha da Floresta de Teutoburgo em 9 d.C., que foi uma das maiores derrotas de Roma.
A Legio XIX foi fundada pelo Imperador Augusto quando ele ainda era um jovem triúnviro por volta de 41 ou 40 a.C. A primeira vez que esta legião entrou em combate foi na Sicília, e o fez para reprimir uma revolta liderada pelo filho de Pompeu, o Grande, Sexto Pompeu.
A Legio XIX também esteve ativa durante as campanhas germânicas realizadas por Druso e por Tibério, filhos adotivos do Imperador Augusto, até ser completamente aniquilada na Batalha da Floresta de Teutoburgo em 9 d.C.
A batalha foi uma grande derrota para Roma, além disso as tribos germânicas também capturaram a águia e os estandartes da Legio XIX abalando assim a moral romana.
Sabemos pelas fontes da antiguidade que a derrota foi tão impactante que a sociedade romana ficou chocada quando soube que mais de 30.000 homens haviam sido perdidos. O comandante romano, Públio Quintílio Varo, foi ferido durante a batalha e por causa da desonra optou pelo suicídio.
Para saber mais sobre esse episódio cientistas do Museu Alemão da Mineração, Museu de Pesquisa de Geo-Recursos de Leibniz e o Museu da Batalha de Varo realizaram um projeto de pesquisa cujo objetivo é analisar a composição de oligoelementos usando um espectrômetro de massa.
Os artefatos romanos analisados foram descobertos na atual Kalkriese (o local da batalha) e são feitos principalmente de metais não ferrosos, como bronze ou latão.

Este novo método de análise foi um grande avanço, pois permitiu datar e identificar vestígios arqueológicos tão complexos como o de Kalkriese e facilitou a associação de cada um dos objetos encontrados com sua legião correspondente.
Em Kalkriese os arqueólogos desenterraram mais de 7.000 artefatos de metal, desde acessórios completos para rédeas de cavalos até itens do dia a dia dos legionários, e até mesmo a mais antiga armadura romana já descoberta na Alemanha.
E qual foi a importância desses oligoelementos?
Como cada legião romana tinha seus próprios ferreiros, que trabalhavam por peça para consertar e substituir armas e equipamentos, as legiões que lutaram juntas durante as campanhas germânicas tinham uma assinatura química distinta nos metais com os quais foram forjadas.
De fato, os metais usados para reparos nas forjas dos acampamentos romanos contêm oligoelementos que foram incorporados aos metais através dos minérios originais.
O processamento fez com que as legiões desenvolvessem um padrão distinto na composição de oligoelementos ao longo do tempo.

“Dessa forma, podemos atribuir uma impressão digital metalúrgica específica da legião a cada uma das legiões, para as quais conhecemos os locais dos campos em que estavam estacionados”, disse Annika Diekmann, pesquisadora do Museu Alemão de Mineração em Bochum, para a National Geographic.
Tendo isso em vista, os pesquisadores coletaram amostras de todos os metais não ferrosos encontrados em Kalkriese e os compararam com metais não ferrosos de outros acampamentos romanos.
Concluída a análise, se chegou a conclusão que a Legio XIX esteve estacionada em Dangstetten, no sul da Alemanha, alguns anos antes da batalha. Outras legiões foram espalhadas por toda a Alemanha durante as campanhas de vingança que os romanos realizaram por causa da derrota.

Em 2020 a Netflix, plataforma de streaming mais popular da atualidade, lançou a série de ‘Bárbaros’, onde representou de forma dramatizada os eventos antes e durante a Batalha da Floresta de Teutoburg.
Em 2022 a segunda temporada foi lançada.
Fonte:
SADURNÍ, Josep Reixach. Disponível em: < https://historia.nationalgeographic.com.es/a/teotoburgo_18787 >. Acesso em 09. Dez. 2022.