
Em 21 de setembro de 1558 morria no Mosteiro de São Jerônimo de Yuste, Espanha, Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico e I de Espanha. O monarca contraiu malária em agosto de 1558 menos de dois anos depois de sua após sua chegada à Extremadura.
Carlos V, o homem mais poderoso do mundo naquela época, havia abdicado de suas funções governamentais nas chamadas Abdicações de Bruxelas que tiveram lugar em finais de 1555 e princípios de 1556. Depois de tantos anos de um reinado turbulento, repleto de guerras e conflitos Carlos se encontrava cansado e desgastado.
De acordo com a maioria de seus biógrafos ele entrou numa fase de reflexão: sobre si mesmo, sobre a vida e sobre as suas experiências, e, acima de tudo, se encontrava desanimado por não poder ter combatido o avanço do protestantismo sobre a Europa e por não ter dado um fim a ameaça que os turcos representavam a existência do continente. Sem sombra de dúvidas Carlos V se propôs tarefas hercúleas que seriam difíceis de completar.
Carlos V sempre teve uma saúde delicada, especialmente desde os 28 anos quando começou a padecer de gota. Porém, o verão de 1558 se relevaria extremamente danoso para o monarca. Nessa data um clima quente e úmido se formou em Yuste, que é o ambiente ideal para o mosquito transmissor da malária se desenvolver. Uma epidemia da doença já se manifestava na região e Carlos acabou sendo mais uma de suas vítimas.
Em 30 de agosto Carlos se sentiu mal. Seus sintomas incluíam febre alta, combinada com fases de calafrios, delírios e vômitos. Embora a malária não fosse necessariamente fatal, também não havia remédios eficazes para combatê-la. Sendo assim foram ministradas a Carlos uma série de sangria terapêuticas que não tiveram efeito positivo e sim o contrário.
A partir de 2 de setembro Carlos passou a sentir uma intensa sede e começou a vomitar bile. Como tratamento ele recebeu água com vinagre e também cerveja para beber e emplastros de ruibarbo. Logo depois, consciente de seu estado de saúde, fez algumas alterações no testamento que assinou em Bruxelas em 1554 e em 9 de setembro se confessou e recebeu a comunhão. No dia 19 de setembro teve um novo surto de febre recebendo a extrema unção por parte de seu confessor, o Frei Juan de la Regla.

Finalmente dois apenas dois dias depois, em 21 de setembro, faleceu durante a madrugada. Carlos V foi assistindo em seu leito de morte pelo Arcebispo de Sevilha Bartolomé de Carranza, que seria posteriormente acusado de heresia e preso pelo tribunal da Inquisição. Em sua mão direita, ele segurava um crucifixo que pertenceu a sua esposa, a Imperatriz Isabel; à esquerda, uma vela de Montserrat.
Após três dias sucessivos de missas, e de seu corpo ser lavado e perfumado, no dia 23 Carlos V foi enterrado no monastério onde faleceu. Ele foi colocado estrategicamente no altar-mor da capela de modo que o religioso responsável por oficiar os ritos pisassem em seu tórax e em sua cabeça durante as celebrações.
Fontes:
MARTÍN, Manuela. Carlos V, el emperador que murió por un mosquito. Disponível em: < https://www.hoy.es/extremadura/carlos-v/201511/13/carlos-emperador-murio-mosquito-20151113121518.html >. Acesso em 25. Set. 2021.
ÁLVAREZ, Manuel Fernández. Carlos V, el césar y el hombre. 2° Edição: Madrid, Espasa. 2015.
VERDEJO, Carmiña. Carlos V (Coleção Biblioteca Hispania). 1° Edição. Barcelona, Ramón Sopena. 1968.
GARCES, Sofía. Carlos V (Coleção Viajes y Aventuras) 1° Edição. Buenos Aires, Jose Ballesta Editor. 1950.