
Era uma tarde chuvosa quando o Rei Felipe II de Espanha (1527-1598) veio ao mundo em 21 de maio de 1527. Segundo algumas versões caia das nuvens uma chuva torrencial segundo outras versões a chuva era amena. De qualquer maneira naquele dia nascia um dos monarcas mais poderosos da história moderna europeia.
A entrada apoteósica de Isabel de Portugal em Sevilha
Após muitas negociações diplomáticas entre Espanha e Portugal Carlos V, Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, e rei de Espanha como Carlos V (1500-1558), contraiu matrimônio com a infanta Isabel de Portugal (1503-1539) em 10 de março de 1525 no Real Alcázar de Sevilha, no sul da Espanha.
A infanta portuguesa havia cruzado a fronteira entre Portugal e Espanha em 27 de fevereiro do mesmo ano e chegou a cidade de Sevilha no dia 3 de março, mas um imprevisto aconteceu. Ela se viu obrigada a esperar pela chegada do noivo que estava absorvido por seus problemas militares com Francisco I de França (1494-1547).
De qualquer maneira a entrada de Isabel de Portugal em Sevilha foi apoteósica. A jovem mulher percorreu as ruas da cidade acompanhada por seu séquito e pelos nobres espanhóis enviados para recebê-la em sua novo lar. Desde o Arco de la Macarena até a Catedral de Sevilla ela passou por sete arcos que simbolizavam: prudência, fora, clemência, paz, justiça, fé e glória.
Carlos V, o imperador que foi noivo de muitas mulheres
Carlos V já havia sido prometido a diversas mulheres antes de Isabel de Portugal. Ele ele foi noivo de Maria Tudor (1516-1558), filha do Rei Henrique VIII da Inglaterra (1491-1547) com sua tia, a infanta Catarina de Aragão (1485-1533). Ele também já tinha estado comprometido com Cláudia de Valois (1499-1524), que se casaria com o grande inimigo de Carlos.
Porém, todos os noivados acabaram sendo desfeitos por motivos políticos e uma aliança com os vizinhos portugueses acabou sendo considerada mais vantajosa devido a riqueza de Portugal, que havia descoberto recentemente novas terras, o Continente Americano.
O herdeiro é gerado e trazido ao mundo
Apesar de se tratar de um casamento de Estado se conta que Carlos V ficou profundamente apaixonado pela esposa desde o primeiro momento que a viu, ou seja, em 10 de março, o mesmo dia de seu casamento.
Com o fogo da paixão não tardou muito para Isabel de Portugal ficar grávida. O casal passou a sua lua de mel em Alhambra, na belíssima província de Granada. O anúncio da gestação da nova soberana foi feito em novembro quando a corte real espanhola rumava para Valladolid.
O futuro Príncipe das Astúrias teria a vantagem de nascer em Espanha uma vez que Carlos V, que era natural de Flandes, havia passado por dificuldades para ser aceito pelos espanhóis que o olhavam com desconfiança quando ele havia chegado ao país em 1517.
Devido a precariedade da medicina da época e a falta de medicamentos que combatessem infecções Isabel de Portugal se preparou com extrema devoção religiosa para o parto. Prevendo uma possível morte, como era costume, ela até mesmo preparou o seu testamento.
Isabel estava hospedada no Palácio Pimentel quando sentiu as primeiras contrações. O parto durou longas horas, porém Isabel de Portugal se negou a demonstrar dor, pois acreditava que uma rainha deveria manter a compostura em qualquer situação.
Se conta que ela ordenou que a maioria dos candelabros da câmara fossem apagados e cobriu o seu rosto com um véu branco. “Naö me faleis tal, minha comadre, que eu morrerei, mas naö gritarei”, respondeu Isabel aos apelos de sua dama de companhia Leonor de Mascarenhas (1503-1584), que notando o seu sofrimento pedia que ela exteriorizasse a sua dor.
No final das contas Isabel de Portugal conseguiu trazer ao mundo um filho varão para a felicidade geral da corte e da população espanhola, que se aglomerava nas ruas. Felipe II de Espanha nasceu às três e quinze da tarde, numa terça-feira, após treze horas de trabalho de parto.
Segundo as descrições contemporâneas o bebê tinha uma aparência frágil e era loiro e branco como a mãe. Logo depois de seu nascimento o príncipe foi lavado e vestido com ricas sedas para ser depositado nos braços do imperador Carlos V, que o segurou cheio de emoção.
Isabel havia dado à luz na presença de importantes cortesãos que estavam observando a cena na câmara para desmentir qualquer futuro rumor malicioso que alega-se que a criança havia morrido no parto ou sido trocada por outra.
Apesar da presença masculina na câmara o protocolo vetava a presença de um médico no momento do parto de modo que Isabel contou com o auxílio da parteira de grande fama chamada Quirce de Toledo, que também a auxiliaria nos partos vindouros.
O recém-nascido foi batizado como Felipe, em homenagem ao seu avô paterno, Felipe I de Castela (1478-1506), embora muitos desejassem que ele recebesse o nome de Fernando, em memória de Dom Fernando II de Aragão (1452-1516).
Quinze dias após o seu nascimento, em 5 de junho do mesmo ano, na quarta-feira, o pequeno príncipe foi batizado Igreja de San Pablo em Valladolid. As festas, torneios e bailes que comemoravam o evento foram interrompidas pelo Saque de Roma por parte das tropas imperiais.
Fontes:
GARCÉS, Sofía. Carlos V. – Buenos Aires: Jose Bellesta Editor -.
Reyes, Reinas, Príncipes y Princesas. Isabel de Portugal. Parte III. Disponível em: < https://www.portalsolidario.net/ocio/visu/anecdota.php?rowid=604&anecdotas=Reyes,%20Reinas,%20Pr%EDncipes%20y%20Princesas >. Acesso: 21. mai. 2020.
Así fue la boda de Carlos V e Isabel de Portugal en Sevilla. Disponível em: < https://sevilla.abc.es/tv/series/20151026/sevi-boda-emperador-carlos-sevilla-201510251117.html >. Acesso: 21. mai. 2020.
A Espanha foi nesse período um dos maiores impérios da história.
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Verdade George, e essa parte da história deveria ser mais dificuldade, mas eu me encarrego disso. Abraços.
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Bela história
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Obrigada por seu comentário e apoio. Abraços Wesley.
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