
Mary Stuart (1542-1589) protagonizou uma vida conturbada. Após a morte inesperada do pai se tornou rainha ainda bebê e viu o seu governo ser sabotado em diversas ocasiões e lidou com homens ambiciosos. Porém, nada foi tão impactante como sua própria morte.
Início de vida turbulento
Mary Stuart nasceu em 8 de dezembro de 1542 no Castelo de Linlithgow. Ela era filha do Rei James V da Escócia (1512-1542) e de sua segunda esposa Maria de Guise (1515-1560) . Antes do nascimento de Mary a rainha havia dado à luz dois meninos, que morreram ainda jovens.
Com apenas 6 dias de vida Mary se tornou rainha após James V ser vítima de um ataque de nervos após ser derrotado na Batalha de Solway Moss. A Escócia passava por um momento difícil. Era atacada pelos ingleses e o protestantismo crescia dentro do país.
Para salvaguardar a pequena rainha dos ataques ingleses Maria de Guise arquitetou um acordo político com a França. Assim em 1548 Mary Stuart passou a residir na corte parisiense. Enquanto isso a Escócia era governada por Jaime Hamilton, 2.° Conde de Arran (c. 1516-1575), o regente oficial.
Retorno a Escócia
Em dezembro de 1560 Mary ficou viúva com apenas 16 anos. Após a morte inesperada de seu sogro, o Rei Henrique II de França (1519-1559), em uma justa Mary havia se tornado rainha consorte de França. Mas agora deveria voltar ao seu país de origem. Em agosto de 1561 desembarcou na Escócia.
Jovem e inexperiente a rainha não conhecia praticamente nada do país que passaria governar. Desde o primeiro momento Mary teve de lidar com a poderosa Inglaterra, para quem os escoceses representavam um incômodo permanente.
Como bisneta de Henrique VII de Inglaterra (1457-1509), através de sua avó paterna Margarida Tudor (1489-1541), Mary tinha direitos sobre a coroa inglesa representando assim uma grande ameaça para a sua prima, a Rainha Elizabeth I (1533-1603), que temia um levante dos católicos de seu país em nome de Mary.
Anteriormente os ingleses através do chamado Rude Cortejo, haviam pressionado os escoceses a casar Mary Stuart com Eduardo Tudor (1537-1553), então Príncipe de Gales e filho de Henrique VIII de Inglaterra (1491-1547) com sua terceira, unindo assim as coroas escocesa e inglesa, mas o acordo foi quebrado pelo Parlamento Escocês.
Em 1565 Mary decidiu que era hora de se casar. O escolhido foi seu primo inglês Henrique Stuart, Lorde Darnley (1545-1567). Logo depois, em junho do ano seguinte, a rainha deu à luz um filho chamado James (1566-1625), que devido ao fato de ser filho de um inglês tinha uma reivindicação ainda mais forte ao trono da Inglaterra.
Em 10 de fevereiro de 1567 Lorde Darnley foi assassinado. O rei consorte e um de seus criados foram encontrados mortos e estrangulados nos jardins de Kirk o ‘Field, após uma explosão acontecer na residência. Não sabemos quem foi o autor do crime.
Terceiro casamento e queda
Logo depois desse acontecimento nebuloso Mary se casou com o Jaime Hepburn (c. 1534-1578), 4.º Conde de Bothwell . A cerimônia teve lugar em 15 de maio do mesmo ano no Palácio de Holyrood. Nem mesmo o fato de Bothwell já ser casado atrapalhou a união, uma vez que um divórcio foi emitido as pressas.
O casamento ultrajou a todos. Os nobres em dentro de pouco tempo se rebelaram e aprisionaram Mary a forçando a abdicar em favor de seu filho. No ano seguinte, Mary escapou de sua prisão, mas foi forçada a fugir através da fronteira com a Inglaterra após a derrota de seus apoiadores na Batalha de Langside.
Desesperada Mary buscou refugiou na Inglaterra onde encontrou o seu trágico fim. Mary foi imediatamente presa pela Rainha Elizabeth I e passou os dezenove anos seguintes residindo em diversos castelos. As duas nunca se encontraram pessoalmente.
Com o passar do tempo Mary acabou se tornando um foco para conspirações católicas que pretendiam destronar Elizabeth I. Finalmente, em 1587, a rainha inglesa decidiu dar um fim a vida da rival e assinou o documento de execução de sua prima.
Preparação para o fim trágico
George Talbot (c. 1522/8-1590), 6° Conde de Shrewsbury e Henrique Grey (1541-1615), 6.° Conde de Kent foram os homens responsáveis de informar a rainha escocesa da notícia trágica. Mary ouviu tudo com muita tranquilidade, como se já esperasse pelo evento. Ela apenas pediu tempo para se preparar e a presença de um padre católico. Ambos pedidos foram negados.
Na noite que antecedeu sua execução Mary Stuart não dormiu. Após organizar seu testamento e enviar cartas se despediu de seus criados e se preparou para sua execução. Nada falou sobre Elizabeth. Apenas silêncio sobre a rainha inglesa.
Mary foi finalmente executada em 8 de fevereiro de 1587 no Grande Salão do Castelo de Fotheringhay. De cabeça erguida ela subiu os degraus do cadafalso e foi decapitada com um três golpes. Para simbolizar o seu martírio pela fé católica ela usava um vestido de veludo carmesim escuro.
A rainha foi sepultada na Catedral de Peterborough e posteriormente seus restos mortais foram transferidos para Abadia de Westminster, onde descansam até hoje próximos ao corpo de Elizabeth I, que foi sucedida pelo filho de Maria.
Fontes:
ZWEIG, Stefan. Maria Stuart. 5° ed. Tradução de Lya Luft. Porto: Livraria Civilização, 1948.
HOUSTON, Rab A royal foxhunt: The abdication of Mary Queen of Scots. Disponível em: <https://blog.oup.com/2015/07/mary-queen-of-scots-vsi/>. Acesso em: 10. dez. 2019.
The Execution of Mary, Queen of Scots, 1587. Disponível em: <http://www.eyewitnesstohistory.com/maryqueenofscots.htm>. Acesso em: 11. dez. 2019.
Acredito que Maria Stuart morreu por ser católica e pelo catolicismo. Eu como católico praticante, espero também ter essa honra algum dia. Que Deus me dê força necessária pra isso. Gostei do texto.
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Prezado Alan, fico muito feliz ao saber que você gostou do texto. Eu passei mais de três meses trabalho na sua produção. Abraços.
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Olá Alan, obrigada por sua audiência e comentário. De fato, Maria Stuart foi uma católica fervorosa.
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Gostei do tema. É bem interessante. Adorei o blog. Sucesso!
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Obrigada Marcelo. Fico feliz que você tenha gostado do meu humilde trabalho. Seja bem-vindo ao blog.
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Obrigada pelo comentário tão gentil.
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Texto magnífico. Até que enfim alguém teve a coragem de contar a história de Maria Stuart, do quanto foi perseguida por Elizabeth I, a qual nunca foi a maravilhosa rainha propagada pelo cinema de Hollywood. Parabéns Fernanda Flores. Excelente texto.
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Fico muito feliz ao ler o seu comentário. Também gostaria de agradecer o seu apoio, curtidas e comentários em diversas postagens. Grande abraço.
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Obrigada e obrigada amigo querido.
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Amei conhecer a história sobre a vida da rainha Maria Stuart.
Parabéns pelo trabalho muito bom conhecer essas histórias!!!
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Eu que agradeço o seu comentário.
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Obrigada por deixar seu comentário Lucas. Fico feliz que tenha gostado da matéria.
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Viajei na história 👏👏👏muitíssimo obrigada!
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Fico feliz em saber que gosto do conteúdo. Para saber mais sobre Maria Stuart acompanhe meu canal no YouTube e meu Instagram. Todos são @rainhasnahistoria
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Não sei o quanto vc ainda escreve, mas por causa de suas matérias, hoje aos 54 anos me interesso muito mais pela história. Obrigado por seu trabalho.
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Olá Lenita, fiquei muito emocionada ao ler seu comentário. Fico feliz em saber que meu trabalho influencia positivamente as pessoas. Eu que agradeço o seu carinho. Você já conhece o meu Instagram? O @rainhasnahistoria. Lá eu posto textos inéditos quase todos os dias.
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Amei o texto e fiquei curiosa. Tem algum filme que retrate a história dela?
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Boa noite Cris, fico feliz que tenha gostado do texto. Na verdade existem vários filmes que retratam a vida de Maria Stuart. O mais recente é ‘Duas Rainhas’, de Josie Rourke. Recomendo.
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