
Pesquisador e escritor paulista Paulo Rezzutti fez sucesso ao abordar grandes personagens históricas do Brasil Império. Em sua mais nova obra, publicada pela editora Leya, vai além e explora a história não contada das mulheres que foram silenciadas pela historiografia tradicional.
Em 2010, após descobrir noventa e quatro cartas inéditas do imperador D. Pedro I à Marquesa de Santos, que revelam aspectos inusitados da vida cotidiana da elite durante o Primeiro Reino Rezzutti publicou seu primeiro livro, intitulado Titília e o Demonão, pela Geração Editorial.
Dois anos depois, pela mesma editora, decidiu se aprofundar na vida de Domitila de Castro Canto e Melo, a destinatária das cartas. Através de uma pesquisa minuciosa e de uma escrita simples e cativante trouxe à tona pormenores da trajetória de vida da polêmica mulher que reinou no coração de d. Pedro I durante sete anos.
Em 2015 foi a vez do imperador d. Pedro I protagonizar mais um livro assinado pelo paulista. Tinha assim início a série A história não contada, publicada pela editora Leya. Quebrando estereótipos e humanizando o homem que proclamou a independência do Brasil o livro lhe rendeu o Prêmio Jabuti 2016 na categoria Biografia.
Em 2017 mais uma obra sua voltou as bancas das livrarias. Era a vez da trajetória de vida da imperatriz d. Leopoldina ser explorada. Sucesso em vendas e aclamado pela crítica Rezzutti agora pela publica Mulheres do Brasil: A história não contada. A seguir confira a entrevista concedida com exclusividade pelo autor ao Rainhas Malditas.
Rainhas na História: Paulo, primeiramente muito obrigada por aceitar falar conosco, vamos a primeira questão: como surgiu o projeto de escrever um livro sobre mulheres do Brasil?
Paulo Rezutti: Depois das biografias de d. Leopoldina e da marquesa de Santos, de ver como parte do passado delas foi apagado, eu resolvi investir em uma obra que ajudasse à evidenciar ainda mais figuras femininas esquecidas da nossa história.
Rainhas na História: Como foi sua pesquisa? Teve muitas dificuldades em obter dados das biografadas?
Paulo Rezutti: Não foi das melhores pesquisas a serem realizadas. Quando tratamos dos “invisíveis” ou “invisibilizados” as informações geralmente são truncadas e à fantasia se mistura com a realidade, mesmo quando alguns desses personagens já foram mais ou menos evidenciados anteriormente. Não foi muito fácil.
Rainhas na História: Após a publicação do livro sua opinião sobre alguma mulher mudou?
Paulo Rezutti: Acho que na verdade o que modificou foi a forma como eu vejo à história do Brasil hoje e quantas mulheres não entraram na história “oficial” por conta do sistema patriarcal.
Rainhas na História: Em sua opinião qual foi a mulher mais relevante de nosso país (pode citar mais de uma)?
Paulo Rezutti: Eu não teria como me atrever isso, escolher uma ou algumas seria esquecer outras tantas. Eu posso dizer que as minhas preferidas, obviamente são a Marquesa de Santos e D. Leopoldina. Com a escrita do livro eu me deparei com diversas outras figuras formidáveis, como a escultora Julieta de França, Aqualtune, avó de Zumbi dos Palmares; a fantástica Bertha Lutz que foi uma das responsáveis pelo voto feminino no Brasil e como delegada da ONU pela redação de parte da carta de sua fundação.
Rainhas na História: Como você vê o tratamento histórico que as mulheres receberam no Brasil?
Paulo Rezutti: Elas são basicamente apagadas, quando surgiam anteriormente eram sempre como seres incapazes que precisavam da tutoria de um pai, irmão ou marido, como se não fossem nada sem um homem do seu lado. Eram filhas de alguém, mães de alguém, esposas de alguém. Seu lugar era o lar, o interno, o privado, confinadas ao lar, enquanto o espaço do homem era o público.
Rainhas na História: Entre todas as mulheres que você retratou no livro, em sua opinião, qual foi a mais maltratada pela história?
Paulo Rezutti: Acho que a Marquesa de Santos. Todo mundo só lembra dela como amante, esquecem que ela foi mãe, esposa fidelíssima do último marido e fez política tanto a nível nacional, internacional e regional em São Paulo.
Rainhas na História: Atualmente muitos pesquisadores afirmam que as mulheres tiveram a mesma ou até mais importância do que os homens na construção do processo histórico em diversos países você concorda com essa afirmação?
Paulo Rezutti: Totalmente, o problema que quem escreveu a história foram eles.
Rainhas na História: Quais são seus projetos literários para o futuro?
Lanço este ano a biografia de d. Pedro II e vamos ver o que vem pela frente.
Rainhas na História: Mais uma vez muito obrigada por dispensar o seu precioso tempo para responder nossas perguntas. Se quiser, deixe abaixo seu e-mail para contato d links de redes sociais como Páginas de Facebook e Blog/Site e canais no YouTube que iremos divulgar.
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