A apavorante história das mulheres de Henrique VIII

Catarina de Aragão, Ana Bolena e Jane Seymour foram as três primeiras esposas do monarca inglês.

O Rei Henrique VIII da Inglaterra pode ser descrito como um legítimo garanhão renascentista. Em sua incansável busca pelo amor – e principalmente por um herdeiro homem – ele chegou a se casar seis vezes. O destino de suas mulheres foi, na maiorias da vezes, trágico.

Henrique VIII da Inglaterra nasceu em 1491 no Palácio de Placentia, em Greenwich, Londres. Ele foi o segundo filho varão do Rei Henrique VII da Inglaterra e sua esposa Elizabeth de York e devido ao fato de ser o segundo na linha de sucessão ao trono foi educado para seguir uma carreira eclesiástica.

No entanto, os planos mudaram após a morte inesperada de seu irmão, o Príncipe Arthur Tudor, em abril de 1502. Na época Henrique tinha apenas 10 anos de idade, mas já começou a sentir o peso dos deveres reais e, principalmente, o fato de ser o único filho varão remanescente de Henrique VIII.

Visto a partir de então como uma joia preciosa, a vida cotidiana de Henrique passou a ser altamente regulada por ordens de seu pai. Como se temia que ele tivesse o mesmo destino que o irmão, Henrique foi proibido de praticar qualquer exercício físico ou de se expor a riscos.

Ele também não era autorizado a participar de justas, um esporte popular entre a nobreza da época. Também é interessante notarmos o fato que ele não foi enviado para as fronteiras do país de Gales para aprender a arte de governar, mas foi mantido na corte, perto de seu pai, que faleceu, em 21 de abril de 1509, de tuberculose.

Somente a partir dessa data Henrique agora Henrique VIII passou a sentir o gosto da liberdade e não hesitou em usá-la como bem entendesse. Uma de suas primeiras atitudes como novo rei foi casar-se com a sua ex-cunhada, Catarina de Aragão.

Catarina de Aragão

Catarina era seis anos mais velha que o novo rei e havia sido esposa de seu irmão Artur por seis meses, residindo com ele no Castelo de Ludlow, em Gales. Após a morte do marido, Catarina amargou um destino incerto e viveu na pobreza durante sete anos até que Henrique VIII a desposou numa cerimônia discreta no Palácio de Greenwich em 11 de junho de 1509.

Após uma magnífica cerimônia de coroação conjunta, Catarina anunciou que estava grávida. Está primeira criança foi uma menina que nasceu morta em janeiro de 1510. Em 1 de janeiro de 1511 nasceu Henrique Tudor, Duque da Cornualha, que faleceu após cinquenta e dois dias de vida.

Após duas crianças mortas o cenário para Henrique e Catarina era desanimador, mas mesmo assim o casal real não desistiu. Em 1512 Catarina engravidou novamente, mas teve um aborto em setembro de 1513. No ano seguinte, em 1514, Catarina estava novamente grávida, mas foi vítima de mais um aborto.

Porém, o reinado de rainha consorte de Catarina não foi marcado apenas por perdas. Em 1512 Henrique VIII liderou uma campanha militar na França e deixou Catarina encarregada da regência da Inglaterra. Em 9 de setembro de 1513 teve lugar a Batalha de Flodden, que causou a morte do Rei Jaime IV da Escócia e resultou numa retumbante vitória inglesa.

Após esse grande triunfo militar, em 18 de fevereiro de 1516, Catarina deu à luz uma filha chamada Maria. O nascimento de uma criança viva e saudável serviu para demonstrar que a rainha ainda era capaz de completar uma gestação e dar à luz a uma criança, mas o relógio biológico estava contra ela.

Nesta altura Catarina já contava com 31 anos de idade, uma soma considerada avançada para a época. Provavelmente a rainha teve mais duas gestações, sendo a última registrada em 1518. Já em 1526 quando Henrique VIII se mostrava abertamente preocupado com a falta de filhos varões conheceu a jovem Ana Bolena.

Ana Bolena

Ana Bolena era filha do embaixador Thomas Bolena 1.º Conde de Wiltshire e sua esposa Elizabeth Howard que era membro de uma das famílias mais proeminentes da Inglaterra. Ana passou parte de sua infância no Países Baixos, na corte da Arquiduquesa Margarida da Áustria, mas completou sua educação na corte francesa.

Quando Ana retornou a Inglaterra ela contava, provavelmente, com 25 anos de idade. Era inteligente, bonita, refinada e encantadora. Ao contrário de sua irmã, Maria Bolena, ela optou por não se tornar amante de Henrique VIII, o que provavelmente atiçou ainda mais o desejo do monarca.

A paixão de Henrique por Ana pode ser comprovada nas dezessete cartas de amor que ele escreveu para ela. Em 1527 o monarca solicitou ao Papa Clemente VII anulação de seu casamento com Catarina de Aragão. Ele alegava que estava em pecado por haver se casado com a esposa de seu falecido irmão.

No entanto, Catarina não desistiria fácil de sua posição. Ela lutou o quanto pode para manter-se ao lado de Henrique, porém a situação se tornou insustentável em 1533 quando Ana anunciou que estava grávida. Para evitar questionamentos acerca da legitimidade da criança Henrique teve que agir.

Ele rompeu relações com o Vaticano e estabeleceu a Igreja Anglicana e declarou, através do Arcebispo Thomas Cranmer, que o seu casamento com Catarina era invalido.

Após se casar com Henrique VIII, no início de 1533, numa cerimônia privada, Ana foi coroada na Abadia de Westminster. Em 7 de setembro do mesmo ano deu à luz uma menina chamada Elizabeth no Palácio de Greenwich. O nascimento de uma menina foi a primeira grande decepção que Ana proporcionou a Henrique.

Além de ser repudiada pelo povo Ana padeceu do mesmo problema de sua antecessora: falhou em produzir um herdeiro varão. A rainha provavelmente sofreu mais três ou quatro abortos após o nascimento de sua filha. De acordo com o historiador Hester W. Chapman, Ana teve duas gravidezes no ano de 1534, que resultaram em abortos.

Enquanto isso Henrique VIII direcionava suas atenções para uma dama de companhia de Ana, a dócil e agradável Jane Seymour. Filha de nobres ingleses Jane nasceu provavelmente em 1508 e teve uma educação bastante modesta se for comparada a instrução de Catarina e Ana, mas teve êxito onde as mesmas fracassaram.

No ano de 1536 a vida das três primeiras esposas de Henrique VII estavam entrelaçadas.

Em 7 de janeiro deste ano Catarina de Aragão faleceu no Castelo de Kimbolton.. No dia de seu funeral, em 29 de janeiro, Ana teve seu último aborto. Segundo alguns autores tratava-se de um filho do sexo masculino. Sendo isso verdade ou não, o fato é que o evento selou o seu destino.

Em 2 de maio Ana foi presa sob a acusação de incesto, traição e adultério e foi decapitada na Torre de Londres no dia 19. Apenas de 24 horas depois de sua execução Henrique ficou noivo de Jane Seymour. No dia 30 de maio, eles se casaram no Palácio de Whitehall.

Ao contrário das duas rainhas anteriores, Jane nunca teve uma coroação.

Jane Seymour

No início de 1537 Henrique recebeu uma notícia que esperava com ansiedade. Jane finalmente estava grávida. Se conta que durante a gravidez, todos os caprichos da rainha foram atendidos menos a sua súplica para impedir que os envolvidos na Peregrinação da Graça fossem absolvidos de suas sentenças de morte.

A Peregrinação da Graça foi uma revolta popular que teve início em York que questionava as reformas religiosas reformistas impostas por Henrique, que, por sua vez, não demonstrou clemência. Quase todos envolvidos foram massacrados e os lideres enforcados para a tristeza de Jane, que continuava em seu intimo uma católica fervorosa.

Em 12 de outubro do mesmo ano o futuro Eduardo VI nasceu no Palácio de Hampton Court. Finamente o sonho de Henrique havia se concretizado. Três dias depois, em 15 de outubro, o bebê foi batizado numa esplendorosa cerimônia. Tanto Maria, filha de Catarina, quanto Elizabeth, filha de Ana, participaram do evento.

Segundo os relatos Jane Seymour era uma mulher altruísta que se preocupou com o destino das filhas de suas antecessoras. Ela conseguiu convenceu Henrique a trazer as filhas de volta para a corte, mas não teve muito tempo para desfrutar da companhia de seu próprio filho.

Ela morreu de febre puerperal em 24 de outubro de 1537.

Fontes:

FRASER, Antonia. As Seis Mulheres de Henrique VIII. Tradução de Luiz Carlos do Nascimento E Silva. 2ª ed. Rio de Janeiro: BestBolso, 2010.

EAKINS, Lara E. Catherine of Aragon. Humble and Loyal. Disponível em: <https://tudorhistory.org/aragon/>. Acesso em: 5 jan. 2019.

EAKINS, Lara E. Anne Boleyn. The Most Happy. Disponível em: <https://tudorhistory.org/boleyn/>. Acesso em: 5 jan. 2019.

EAKINS, Lara E. Jane Seymour. Bound to Obey and Serve. Disponível em: <https://tudorhistory.org/seymour/>. Acesso em: 4 jan. 2019.


Texto escrito por Fernanda da Silva Flores

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